Engenheiros
da Universidade Cornell (EUA) criaram um material que possui três
características principais de vida: metabolismo, automontagem e organização.
Para
chegar neste ponto, utilizaram DNA para fabricar um biomaterial com
características “vivas”.
O
processo foi apelidado de DASH – “DNA-based Assembly and Synthesis of
Hierarchical materials” ou “montagem e síntese baseadas em DNA de materiais
hierárquicos”.
O
objetivo dos cientistas não é criar uma nova forma de vida, mas sim uma máquina
com características naturalistas. “Não estamos criando algo vivo, estamos
criando materiais muito mais vivos do que já foi visto antes”, disse Dan Luo,
professor de engenharia biológica e ambiental e um dos autores do novo estudo.
Metabolismo
Para
sobreviver, um organismo vivo deve ser capaz de gerar novas células,
descartando as antigas e os resíduos. É esse processo que os engenheiros da
Cornell tentaram duplicar usando o DASH.
Eles
criaram um biomaterial que pode se “montar” por conta própria a partir de
blocos de construção em nanoescala.
A
principal inovação da pesquisa é o metabolismo codificado no biomaterial. Esse
metabolismo é o sistema pelo qual o material é “sintetizado, montado, dissipado
e decomposto de forma autônoma e de maneira controlada e hierárquica, usando
processos biológicos”, de acordo com os cientistas.
Em detalhes
As
moléculas de DNA inseridas no material foram duplicadas centenas de milhares de
vezes, resultando em cadeias de DNA repetidas com poucos milímetros de
comprimento.
Em
seguida, os pesquisadores injetaram uma solução em um dispositivo microfluídico
especial para facilitar a biossíntese.
Este
fluxo “lavou” o material, fazendo com que o DNA sintetizasse seus próprios
filamentos. O material até tinha sua própria forma de locomoção: no caso, a
extremidade dianteira crescia enquanto a extremidade final se degradava,
fazendo com que ele se “arrastasse para frente”.
“O
projeto ainda é primitivo, mas mostra uma nova rota para criar máquinas
dinâmicas a partir de biomoléculas. Demos um primeiro passo para a construção
de robôs naturais por meio de metabolismo artificial”, explicou Shogo Hamada,
principal autor da pesquisa e professor no laboratório de Luo. “Mesmo a partir
de um design simples, fomos capazes de criar comportamentos sofisticados. O
metabolismo artificial poderia abrir uma nova fronteira na robótica”.
Próximos passos
O
material criado durou dois ciclos de síntese e degradação, mas os pesquisadores
pensam que sua longevidade pode ser estendida. Isso poderia levar a mais
gerações do material, resultando eventualmente em uma “máquina de
autorreprodução realista”, segundo Hamada.
O
próximo passo da pesquisa é descobrir como fazer o material reagir a estímulos
(evitando os prejudiciais) e procurar luz ou alimento por conta própria.
Um
artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica Science Robotics.
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